sábado, 5 de maio de 2012

Um Bom Negócio.

http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-brasil/v/governo-federal-anuncia-novas-regras-para-depositos-feitos-em-caderneta-de-poupanca/1932164/

Deixa eu ver se entendi direitinho.

O Brasil tem uma aplicação histórica, a poupança. A ideia é ter uma conta segura, onde os impostos não incidam e a rentabilidade esteja garantida. Ela foi utilizada durante os anos de inflação descabida, para garantir que o dinheiro que as pessoas conquistassem continuasse a valer alguma coisa. Os montantes salvos no banco eram automaticamente reajustados de acordo com a inflação do mês, adicionada do pequeno reajuste garantido pela aplicação.

Para os poupadores, é uma coisa maravilhosa! Garantia de que cada centavo guardado é um centavo permanentemente ganho. (Tá certo, menos na limpa - necessária - que o Collor fez.)

Para os bancos é um recurso fantástico! Como não possui um rendimento muito alto, é uma forma eficaz de arrecadar dinheiro, com o qual pode trabalhar, emprestar à juros maiores, aplicar em ações e outros negócios.

O problema, agora, é que as taxas de juros de todos esses outros produtos que os bancos oferecem, a partir do dinheiro depositado, está caindo. Aliás, está chegando no limite extremo: quase que a taxa de juros dos empréstimos está se igualando à da correção da poupança.

E isso é ruim. Nosso empréstimo sempre foi um dos mais caros do mundo. Sim, porque o juro que você paga pelo dinheiro recebido, é o valor do produto dinheiro que você está comprando da lojinha banco. E ele é caro, porque a poupança tem esse rendimento mínimo garantido.

Literalmente, cada banco pega dinheiro emprestado dos poupadores, pagando a correção da poupança, para emprestar, novamente, para investidores que precisam de capital, a juros maiores.

Para que os bancos possam baratear seu produto, é necessário que consiga negociar o valor da sua matéria-prima. Assim, pagando menos aos poupadores, cada banco pode cobrar menos pelo empréstimo que faz aos investidores.

Parece justo, parece um bom negócio. E, pelo mundo a fora, é. Só que, aqui, no brasil, não é.

Explico.

Não sabemos calcular o valor de um empréstimo. Aliás, a maior parte do Brasil "não gosta" de matemática. A maior parte do Brasil nem sabe somar corretamente. Quiçá calcular juros compostos...

Mas antes fosse esse o único problema. Antes fosse só a falta de percepção do produto que está comprando. A falta de conhecimento do brasileiro vai além do matemático: nos falta o conhecimento econômico. Simplesmente não sabemos como, quando e porquê adquirir um empréstimo ou financiamento.

Sim, brasileiro não sabe, sequer, comprar. Nossos financiamentos são calculados pela parcela. Se ela cabe no orçamento, nos lançamos em 36 prestações que transformam o objeto que vale mil reais em dois mil reais.

Dizer, então, que brasileiro não sabe pegar dinheiro emprestado para abrir negócios, é mais fácil, ainda. Nenhum brasileiro faz isso. Pegar algum capital, calcular os juros, montar um negócio e saber a quanto deve vender os produtos para pagar o empréstimo. Nop. Os que conseguem fazer algo parecido com isso, faz por sorte. A ínfima parcela exceção (que comprova a regra) geralmente se transforma em banqueiro... ou agiota, mesmo. Já que a diferença entre os dois é uma permissão do governo para emprestar a juros...

Que a poupança atrapalha o barateamento das linhas de crédito e precisava ser domada, é indiscutível. Mas, antes de dar tanto acesso ao crédito, para a população, talvez fosse melhor se preocupar em dar mais acesso à educação, mesmo. Só assim poderíamos aproveitar completamente esse infinito de possibilidades que está se abrindo à nossa frente.



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